segunda-feira, 16 de junho de 2014

"O velho e o mar", Ernest Hemingway.

...Entretanto, o velho pescador pensava sempre no mar no feminino e como se fosse uma coisa que concedesse ou negasse grandes favores; mas se o mar praticasse selvagerias ou crueldades era só porque não podia evitá-lo....



....Mas eu prefiro fazer as coisas sempre bem. Então, se a sorte me sorrir, estou preparado....


...Agora só devo pensar numa coisa, aquilo para o que nasci...


...Pense constantemente no peixe. Pense no que está fazendo. Você não deve distrair-se  nenhum minuto.

...tenho de dominá-lo. Não posso deixar que compreenda a força que possui....

...É melhor que ele julgue que valho mais para ter mais possibilidades do meu lado...

...Mas preciso ter confiança e ser digno do grande DiMaggio, que faz tudo com perfeição mesmo com a dor da espora do osso no calcanhar...

...Não sei, nunca tive uma espora do osso como ele...

...Compreendera que podia vencer qualquer um deles se realmente desejasse....





terça-feira, 6 de maio de 2014

Senhora

Sob o tecido cinza e macio vê-se a forma rotunda que gera vida.
Quantas lágrimas, sorrisos, palavras de sim e de não,  saíram daquela mulher?
Os passos lentos e curtos arrastam o peso dos filhos, e netos, e bisnetos, e encontrados, e agregados.

Teria aquele ventre, parido ou partido bons corações?
Noites mal dormidas, almoços feitos, louças lavadas, roupas passadas, chinelos esquentados, banhos dados, dores abafadas, medos superados, orgulhos engolidos, trabalhos multiplicados, sonhos renunciados... o poder do ventre, da madre, da honra, da resignação.
Nas rugas, tantos abraços! Nas mãos, as sombras da árdua lida, dos sustentos, dos amparos, das consolações.
A profundeza de ser humana, a aflição de dar a mão ao tempo e caminhar, adiante, sem opção, sem considerar parar.
Os cabelos já não podem ser longos, nem negros, nem soltos.
Às vestes já se obriga a sobriedade, a "des-cor", a apatia.
O rosado da face já não deve ser posto e a vida nos lábios, tampouco.
Do sorriso impecável, pouco se vê. Quais os disfarces do que a comove?
Olho, olho, olho, de novo, olho e vejo.
Tantos segredos guardados!
No fundo do olhar, tanta história!
O ventre saliente, os braços vazios, o peito em descompasso, a pele desmedrada, os dias vencidos já sem tanto amanhã.
Não mais companheiro, não mais gritaria, não mais agonia.
O cheiro do bolo, o beijo na testa, o crochê, as flores do jardim, o regador, o pôr do sol.
A novela, o tai chi, o chá, o silêncio, talvez um cão, solidão.
Agora, Senhora.




terça-feira, 25 de março de 2014

Conselho

Não cultive, amor, dureza em teu coração!
Não sofro por tua causa,  tão pouco me perturbas.
Teu silêncio não me magoa nem me fere mais que a ti mesmo, talvez.
Se te busco é porque quero achar-te; não sei bem.
Não creio que me despreze.
Quem sabe o orgulho, tão mau conselheiro, esteja agindo por ti ou talvez, o medo, que covardemente se apresenta vestido de bravura.
Não cultivamos o bastante o terreno fértil de nossas almas, portanto, não colheremos nossas flores nem beberemos nosso café.
Nos encontramos fora do tempo. Você está, eu, indo.
Contudo, amor, tenho fé.
Tenho fé no amor, especialmente o que excede o entendimento.
Tenho fé no amor que transforma as mais inóspitas paisagens e que como a água, traz vida do mais árido chão.
Não sei o que sente ou pensa, mas sei quem sou e diante de Deus, que vê todas as coisas, não confesso ter lhe feito algum mal.
Não vejo teu coração, não sei de tuas dores e defesas, mas quero.
Te dou conhecimento de meu carinho e minha amizade, de minha disposição em recebê-lo em meus braços, acomodá-lo e confortá-lo, quando a ninguém mais puder se voltar.
Quanto a mim, dono dos meus pensamentos, tive medo!
Medo de receber de ti tão pouco e mesmo assim adorá-lo. Tive medo, simplesmente e recuei.
És livre e eu, consciente! 
Sei que podes repousar tuas paixões em outros colos e eu também, mas acaso não é direito a amizade como herança?
Não te esqueço! 
Sempre estás em minha oração e peço, flores sob teus pés, guarida para teu descanso e calor para o teu coração.
Creia, querido, não quis ferí-lo, nunca, mas se o fiz, perdoe!
Perdoe se não compreendi, se não esperei, se não cri, se te magoei!
Tenha fé e perdoe, a mim e a você!
Não te contenhas em me procurar se assim desejares. Não será perdido, como nenhuma vez foi. Encontrarás o meu braço e o meu abraço.
Não temas, não ouças maus conselheiros! Deve sempre, prevalecer o amor.
Não demore a florescer as sementes que lancei!
O tempo passa, mas torna a pedir a parte que nos cabe.
No mais, estou aprendendo. Estamos, eu e você!
Amor.
Anne.

A rudeza do coração do homem, a qual este supõe protegê-lo, é a mesma que o faz rastejar na mais vil solidão. - Anne Evans

quarta-feira, 19 de março de 2014

Os "-tes" e os "-mes"

Por que me negas, amor, conhecer teus pensamentos, se o saber deles me constrói?
Por que, amor, abandonaste-me tão facilmente se é dado ao mundo considerar que, se uma mulher diz "vá", poderá querer dizer "fica"?
Tu, amor, que tanto conheces das vidas, atendeste ao meu apelo de deixar-me e nem sequer ouviste meu grito de amar-me.
Por quê? Porque, em minha representação escapista e romântica, respeitas-me e não queres assustar-me com tuas dores.
Nada porque não me cobiças, mas porque me desejas em demasia e não suportarias a dor de podar-me os sonhos aos quais não te juntarás.
Deixaste-me livre, amor, porque sabes quão alto é meu vôo e não supuseste permitir-se acompanhar-me aos céus.
Amaste-me, amor, ao sufocares tua voz para que o silêncio de minha alma não fosse importunado.
Enganou-se tua razão, amor meu, eras tu a minha pretensão! Não devias ouvir-me de tal modo!
Por muito desejar-te, perdi-te, por pouco escutar-me, deixaste-me ir.
Quisera que quiseras, mais uma vez, apenas!

sexta-feira, 14 de março de 2014

Eu e o silêncio

Ontem, me peguei rindo de mim. Foi tão engraçado!
Logo depois, chorei. Foi tão triste! Fiquei triste. Patético!
Falei um pouco com Deus e dormi. Pensei estar sozinha. Não!
Estava com o Silêncio. Meu companheiro sem trégua que grita tanto aos ouvidos da minha alma.
Ah, Silêncio, por quê faz assim? E se você chegasse e ficasse em silêncio, Silêncio?
Ou então, já que não pode ser mudo, me diga coisas bonitas ou cante. Cante para mim!
Silêncio, amigo, gosto de você, mas não me traga certas lembranças ou hipóteses. Elas me confundem e me fazem ser o que não sou. 
Mas, vamos conversar sempre, afinal, na maioria das vezes, vêm contigo os anjos bons.
Pode me dar notícias do Silêncio Alheio, Silêncio meu?
Me conte, querido, porque o Alheio me chama e nada diz?
É, pode ser!Também pode estar com medo ou não encontrou as palavras. O silêncio de lá pode estar ferido tanto quanto o de cá.
Silêncio Alheio, me ouve? Sim?
Ah, é verdade! Tem falado. Sou eu quem não soube escutar.
Vamos, Silêncio Meu, eu e você, inseparáveis, expressivos e ininterruptamente cúmplices!
Vamos, Silêncio Meu, aprender o idioma do Alheio!

quinta-feira, 13 de março de 2014

À minha Professora Áurea

Quero ter a tua coragem e o amor que te sustenta para que meu andar seja sempre reto e em correta direção.
Ao te ouvir, ouvi melhor, ao te seguir, tornei a mim, melhor.
Que dor não estar lá naquele dia para escutar os apelos da angústia dos pais, dos filhos, das gentes! Que dor, por minha vida tão pequena e sem razão!
Perdoa, minha querida! Perdoa por não ter sido mais uma mão a te segurar quando chegou perto de cair. Perdoa!
Diminuí por dentro, mas a força que existe em você, também descobri em mim. Quero estar lá!
Não de fora para dentro, mas dentro e dentro. Quero fazer sentido. Farei!
Talvez eu não saiba o que estou dizendo, mas sei o que estou sentindo e mesmo na mais corrosiva impotência, tentarei ser um pouco de você, por onde eu for.
Um bom pedaço do meu coração é seu e com o tempo, terás também, de tantos outros.
Peço a Deus, muitas Áureas, professoras, para o mundo ficar melhor e para que não morra a esperança.
Amor.
Anne.

Obrigada, amor!

Como que despencado do 15º andar ou de bem mais Alto, surgiu para me ensinar coisas que eu não sabia, coisas que eu já sabia, mas havia esquecido e coisas que eu nem queria. Boa aluna da vida que sou, aprendi.
Aprendi, meu Amor, com você, o quanto o calor de dormir e acordar abraçada pela minha outra parte é essencial. Eu não sabia. Difícil de acreditar! Não, eu não sabia. 
Reaprendi o quanto preciso de beijos longos, apaixonados, sempre. Não todos os dias, mas sempre que for possível e quando não for, também.
Me lembrei do quanto sou importante para mim mesma e do tanto que quero muito da vida. Meu direito, quero muito, posso e terei.
Obrigada, Amor! 
Aprendi o quanto desejo o arrepio que chega com a voz. Nunca vou esquecer. A voz, ah, a voz!
Também aprendi que interromper pode ser inevitável. Essa é parte que não queria.
Obrigada, amor! Reacendi, por causa de você, a mulher que existe em mim. Havia esquecido dela. Linda, forte, destemida, competente em se defender.
Renasci, Amor, por suas mãos que me conduziram a novos caminhos e possibilidades, a novos sabores e cheiros, sons e movimentos. Para muitos, tão simples, para mim, tão novo!
Percebi, Amor, por causa da sua força, que o tempo pode ser vencido e tenho ainda, pelo menos 25 anos para desafiar o mundo.
Descobri, amor, por causa de você, que não quero caminhar sozinha como imaginava antes, naquela manhã, quando nos vimos pela primeira vez.
Entendi, meu amor, que sou grande, minha metade também há de ser e em minha caminhada não há espaço para desvios por dúvidas, medos ou para o tormentoso clichê "solidão a dois".
Não há mais, meu Amor querido, meio termo que caiba em mim. Sua energia de existir me ensinou que é tudo ou nada, tem custo e eu pago!
Sou urgente! Sempre fui, mas dormia. Você me acordou e mostrou muito do bom de mim. Você despertou minhas memórias mais doces e belas.
Concluí, Amor, que apesar de ser possível tirar muito do pouco, não quero. Desejo muito, de tudo o que eu puder viver. Quero tudo! Tudo de mim, tudo de você, tudo de nós dois. Se não, nada.
Aceitei, amor, é possível.
Amei, amo e amarei, sempre, as nossas coisas, poucas, nossas, velozes. Nossas, minhas, suas, para todas as vidas.
Obrigada, amor! Te amo, amor, para sempre, para você, "Vê"!